Na volta para a casa Paloma enfrentou um trânsito mais lento que o normal e filas imensas. A razão? A luz. Ou melhor, a falta de energia elétrica. Sem luz na avenida, sem luz no farol. Uma confusão! Paloma chegou em sua casa, sem coragem alguma para tomar banho na água fria (se haviam momentos preciosos em seu dia o banho quente e relaxante era um deles); na verdade, quase não teve coragem para abrir a porta. Sabe, o escuro sempre foi um certo problema, sempre causou um certo medo, a sensação de que algo que ela não soubesse bem o que era poderia surpreendê-la, surgir para lhe espantar. Quase correndo (na verdade, controlando-se para não correr), Paloma deixou a bolsa com estampa de flores no sofá e fechou a casa (é bem verdade que colocar a chave na fechadura utilizando a luz do celular não é a situação mais tranquila do mundo). A rua, com crianças brincando na calçada usando lanternas, lhe pareceu bastante convidativa assim que colocou seus pés na casa escura. Não havia
pois elas nunca nos deixam totalmente.